Este estudo avalia os conflitos sócio-ambientais da Ilha Grande, localizada na porção sul do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de compreender quais foram os elementos e as transformações que marcaram a Ilha Grande em seu passado e como atualmente a problemática local é percebida pelos grupos e segmentos sociais envolvidos. Alguns acontecimentos mais recentes – como a criação de unidades de conservação, a desativação da Colônia Penal Cândido Mendes e a mudança do eixo econômico da pesca para o turismo – vêm provocando uma série de mudanças na teia social da Ilha Grande, sendo reconhecido que com a entrada de novos atores sociais, diferentes sistemas de valores passaram a estar em disputa, existindo além do conflito de interesses, um conflito de visões. Percebe-se que no contexto local, termos como “problema ambiental” e “ecologia” adquirem interpretações muito distintas daquelas fomentadas no ambiente urbano, enquanto conceitos como “biodiversidade” e “paisagem natural” já são entendidos por pesquisadores como resultado de construções sociais e por isso relacionados à diversidade cultural. Por fim, analisam-se princípios, práticas e instrumentos que podem facilitar a gestão sócio-ambiental da Ilha Grande, sendo reforçada a tese de que um trabalho de educação ambiental com o público infanto-juvenil e em parceria com as escolas locais pode ser uma estratégia de mobilização social, desencadeando um verdadeiro processo participativo neste território.