MENDONÇA, Teresa Cristina de Miranda. Turismo e sustentabilidade na Ilha Grande (Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasil): conflitos, áreas protegidas e construção de governança local. In: IV ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ABIENTE E SOCIEDADE, 2008, Brasília. IV Encontro da ANPPAS. Brasília, 2008.
Com seus 193 km², a Ilha Grande é considerada detentora de um dos maiores patrimônios naturais do Estado do Rio de Janeiro, reconhecida como um dos últimos locais preservados de Mata Atlântica no Brasil e referida pelos segmentos externos e internos como o paraíso a ser preservado. A partir da década de 90, a Ilha tornou-se gradualmente um destino turístico muito procurado. No entanto, para atender ao crescimento da visitação, surgiram inúmeros empreendimentos, sem que esse processo tenha tido qualquer tipo de planejamento. A “explosão” do turismo na Ilha Grande se caracteriza pelo turismo de massa, típico do sec. XX, inserido em uma relação de produção e consumo, descrito por Urry (1999, p.66) como “uma ilusão que destrói os próprios lugares visitados.”. Este fenômeno confronta-se com a existência de quatro áreas protegidas: o Parque Estadual da Ilha Grande – PEIG (1971), a Reserva Biológica da Praia do Sul (1981), a Área de Proteção Ambiental de Tamoios (1982) e o Parque Estadual Marinho do Aventureiro (1990). A partir deste cenário, constatam-se diversos conflitos socio-ambientais decorrentes de contradições que surgem pela forma que o turismo é operado na região onde estão presentes diversas áreas protegidas. O presente artigo busca, então, refletir sobre a relação estabelecida entre o atual modelo de turismo e a população local e as leis ambientais. O foco é a Vila do Abraão, onde são reconhecidas, de forma mais clara, as traduções da chamada “explosão do turismo”.