A intenção deste trabalho é buscar compreender melhor os lapsos da história, no sentido de que ao remontar um quadro de ausências, seja possível analisar e repensar os caminhos que a memória traça.
Fez-se portanto necessário, ressaltar o que foi esquecido. Pensar aquilo que foi simplesmente renegado a esfera do “nada”. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar a esfera do esquecimento, no que se refere à experiência vivida no campo sobre os documentos do presídio de Vila Dois Rios, situado na Ilha Grande. A idéia inicial, inserida na pesquisa da professora Myrian Sepúlveda dos Santos, era trabalhar com a memória das instituições penitenciárias da Ilha Grande. No entanto, ao penetrar no campo, a pesquisa tomou novos rumos. Rumos estes que iam na “contramão da memória”. A falta de dados sobre a realidade pesquisada e a dificuldade de encontrar vestígios da história, se transformou num dado a ser pesquisado. Dessa forma penetrei no campo do esquecimento. A partir dos buracos encontrados na pesquisa é que encontrei meu objeto de estudo. Convido-os, portanto a penetrar no universo, do que se deixou de lado. E a analisar as possibilidades que a história nos dá de repensar o caso do presídio da Ilha Grande, que, por conseguinte, nos auxilia a compreender a realidade dos documentos do sistema penitenciário, tal qual se apresenta hoje. Entre retalhos e remendos uma história de ausências foi se costurando, e mostrou que o “nada” também esconde consigo significados. Dessa forma, esse trabalho pretende tratar memória e esquecimento em um mesmo plano. Para que seja possível entender melhor esse espaço de consolidação no imaginário social daquilo que é lembrado ou esquecido. Analisar e repensar os vestígios da história ou a falta destes, como dados significativos, dando lugar ao esquecimento, e, portanto, evidenciando e denunciando o que ao longo do tempo se perdeu.