Este trabalho se propõe a analisar processos políticos e sociais que ocorrem na Ilha Grande- RJ, desencadeados na década de 1970 e em vigor até os dias atuais, a partir da construção de leis e políticas ambientais e da criação de unidades de conservação da natureza. Esses processos, na Ilha, estão intimamente conectados ao crescimento sincrônico e permanente da atividade turística. A perspectiva de análise tem como enfoque central as visões em disputa sobre natureza, ambiente, turismo, política e participação. Os principais espaços de análise desta tese são os fóruns participativos, por meio dos quais tem se articulado a atual política ambiental que incide sobre o território da Ilha Grande, sob a inspiração da ideia de sustentabilidade. As políticas públicas ambientais no Brasil se desenvolveram, inicialmente, durante o período militar, imprimindo em suas ações o autoritarismo que perpassou a sociedade brasileira naquele momento. Os responsáveis por essas políticas, hoje, tendo herdado o passivo social decorrente das práticas dos que os antecederam, atuam em uma sociedade que demanda novos caminhos, ancorada no paradigma democrático. Marca os novos tempos a exigência de participação popular, o que traz, certamente, maior complexidade a todo o processo. Busco estabelecer uma relação entre essas leis e políticas públicas e a perspectiva da produção de diferentes territórios sociais na localidade. As disputas políticas que ocorrem nesses territórios estão fortemente relacionadas às visões conflitantes dos diversos grupos sociais presentes na Ilha e, de modo correspondente, às diferentes noções de patrimônio. Além disso, uma das principais tarefas dos fóruns é engendrar novas territorializações, que atendam às premissas da proteção/conservação do patrimônio natural/cultural.