Nos anos que se seguiram à implosão do Presídio Cândido Mendes, em 1994, a Ilha Grande foi tomando contornos de “pólo turístico” da região sudeste, atraindo turistas, empreendedores e novos moradores vindos de Angra dos Reis, do Brasil e do mundo. Outros fatores ajudaram a intensificar a atividade turística ali, como a construção da Br 101 (a Rio – Santos, em 1974), facilitando o acesso à Ilha e a vinda da especulação imobiliária; a criação de unidades de conservação, trazendo uma legislação ambiental impedindo certas práticas até então correntes na cultura local, como a caça, a retirada da madeira da mata, a pesca e a roça; e o fechamento das fábricas de sardinha na década de 70. Nesse contexto, no qual o turismo, englobando toda uma gama de serviços e comércio, se torna o eixo da vida local, forma -se uma trama social até então inédita ali, com personagens, interesses, códigos e valores díspares. Uma diversidade que se reflete na rica variedade arquitetônica, encontrada tanto nas hospedagens quanto na estética das moradias da população nativa.
O intuito desta monografia é primeiramente buscar mapear esta variedade estética, na tentativa de compreender de que forma a existência desse mosaico de interesses, valores e conflitos se reflete no resultado arquitetônico das construções. Juntamente com a sugestão de uma tipologia, trata-se de compreender, numa análise mais ampla, como esta diversidade estética de forte impacto visual expressa a diversidade dos atores sociais que transitam no universo das hospedagens.